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Começos inesquecíveis: Michael Chabon
Posts / 24/03/2007

Anos depois, falando a um entrevistador ou a um público de velhos fãs numa convenção de histórias em quadrinhos, Sam Clay gostava de declarar, a propósito da maior criação sua e de Joe Kavalier, que, quando menino, trancado e de mãos e pés atados dentro do recipiente estanque conhecido como Brooklyn, Nova York, costumava ser assombrado por sonhos de Harry Houdini. “Para mim, Clark Kent numa cabine de telefone e Houdini num caixote eram uma só coisa”, expunha em tom erudito na WonderCon ou em Angoulême ou ao editor do The Comics Journal. “Você não era, ao sair, a mesma pessoa que tinha entrado. O primeiro número de mágica de Houdini, vocês sabem, quando ele estava começando. Chamava-se ‘Metamorfose’. Nunca foi uma simples questão de escapar. Era também uma questão de transformação.” A verdade é que, quando garoto, Sammy só tinha um interesse casual, na melhor das hipóteses, em Harry Houdini e em seus feitos lendários; seus grandes heróis eram Nikola Tesla, Louis Pasteur e Jack London. No entanto, o relato do seu papel – do papel da sua própria imaginação – no nascimento do Escapista, como todas as suas melhores fabulações, soava verdadeiro. Seus sonhos sempre tinham sido houdiniescos:…