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A sombra de Tanizaki
Posts / 22/05/2007

Escrevo (…) estas coisas por ter a impressão de que em algum lugar, quem sabe no campo da literatura ou das artes, resta-nos um caminho capaz de invalidar as já referidas desvantagens. Eu mesmo quero chamar de volta, pelo menos ao campo literário, esse mundo de sombras que estamos prestes a perder. No santuário da Literatura, eu projetaria um beiral amplo, pintaria as paredes de cores sombrias, enfurnaria nas trevas tudo que se destacasse em demasia e eliminaria enfeites desnecessários. Não é preciso uma rua inteira de casas semelhantes, mas que mal faria se existisse ao menos uma construção com essas características? E agora vamos apagar as luzes elétricas para ver como fica. Eu nunca tinha lido o escritor japonês Junichiro Tanizaki (1886-1965) quando o encontrei no papel de personagem – e talvez um pouco mais do que isso – do bom “O sol se põe em São Paulo”, de Bernardo Carvalho (leia trecho aqui). Mas o ensaio “Em louvor da sombra”, que acaba de sair (Companhia das Letras, tradução de Leiko Gotoda, 72 páginas, R$ 27), me deu a certeza de estar dormindo no ponto. O livrinho, escrito em 1933, é um delicioso – e, paradoxalmente, luminoso – elogio…