Para quem, como eu, já está de malas prontas (não esquecer os tênis mágicos, de solado resistente ao calçamento mais absurdo do planeta) para ir a Parati, eis um aperitivo. Para quem não vai, uma ótima oportunidade de estragar um pouco o prazer alheio, usufruindo de graça daquilo que outros estão comprando caro. Do ponto de vista estritamente literário, é inútil negar que a maior atração da Flip é o escritor sul-africano/australiano JM Coetzee, um sujeito com fama de recluso e esquisitão que já avisou: não admitirá perguntas do público, limitando-se a ler em primeiríssima mão trechos de seu próximo livro, Diary of a bad year (“Diário de um ano ruim”), que seria lançado em outubro mas, parece, está ficando para janeiro do ano que vem. Fora a aura da presença grisalha do prêmio Nobel de 2003, portanto, o que Coetzee apresentará não é nada muito diferente do que pode ser usufruído aqui, neste trecho suculento antecipado pelo último número do “New York Review of Books” (em inglês, acesso livre). O excerto revelado de Diary of a bad year alterna blocos de texto ensaístico produzido por um famoso escritor australiano de 72 anos – coisa cabeçuda, investigando o eterno e insolúvel…