Como pouquíssimos outros acontecimentos promovidos no Brasil, a Flip foi capaz de concentrar no mesmo espaço e em torno dos mesmos interesses parte significativa do capital econômico, político, social e cultural do país. Desde sua primeira edição, fez com que presidentes de banco, ministros de Estado e figuras de diversos segmentos da cultura vissem ali motivos suficientes para compensar o deslocamento e a pouca familiaridade com a obra da maioria dos convidados. (…) Além das peculiaridades de sua organização, ajuda a explicar o caráter do evento o contexto de ampliação do debate acadêmico em que ele se insere. Nesse sentido, importa ver a Flip como participante de um processo que envolve a intensificação de cursos livres em diversas cidades do país, a promoção de ciclos de palestras e o sucesso de estabelecimentos destinados a ensinar filosofia e outros temas “nobres” para um público de alto poder aquisitivo. O artigo intitulado A fetichização do conhecimento, publicado na revista Trópico pelo jornalista Flavio Moura, é o melhor que já li sobre a Festa Literária Internacional de Parati, cuja quinta edição começa amanhã. Em sua tentativa de entender os porquês dessa festa de gala para a literatura num país em que no resto…