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Apontamentos: a Flip que eu pude ver
NoMínimo / 09/07/2007

Quando finalmente cheguei a Parati, era fim de tarde de sexta-feira e o trem já ia lá na frente, puxado por uma locomotiva desembestada chamada Will Self, com seu rastro fumegante de gozações agressivas com tudo e com todos, no geral e no particular – da própria literatura ao mediador de sua mesa, Arthur Dapieve, a quem terminou propondo galhofeiramente que tivessem um caso e fugissem para a Amazônia, onde se dedicariam ao esporte nacional de “derrubar árvores”. Meu amigo Dapi disse ter ficado à vontade com isso – a experiência de contracenar com Marcelo Madureira na TV deixa qualquer um preparado para gozações pesadas – mas a Flip pareceu se dividir diante do anarquismo meta-arrogante da persona maluca que Self criou para si (dizem que é afável na “vida real”). De acordo com uma pesquisa informal que conduzi, o espetáculo selfish divertiu e revoltou o público em partes mais ou menos iguais. Fiquei com a impressão de ter sido esta a minha maior perda na quinta edição do evento. Sou admirador das sátiras de Will Self – brilhantes nos melhores casos e pelo menos curiosas nos menos felizes – desde que esbarrei com seu livro de estréia em Londres…