Sim, eu sei: o assunto costuma render debates lamentáveis. Lixo para alguns, maravilha para outros, Harry Potter pode ser uma prova cabal do emburrecimento do mundo ou a melhor coisa que acontece para a popularização da leitura desde que Gutenberg inventou sua máquina sujona. Para quem tende a achar que a verdade imprime melhor em meios-tons, essa polêmica já soa vazia há alguns anos. Mais um motivo para ler o artigo (acesso livre, em inglês) que o crítico literário Ron Charles publicou ontem no “Washington Post”. Aproveitando a deixa dada por sua filha de dez anos – que, entediada, lhe pediu que parasse de ler os livros da série para ela –, Charles tenta entender por que os números da indústria editorial e de institutos de pesquisa indicam que não, Harry Potter não está estimulando a leitura de ficção de um modo geral, mas apenas a leitura de… Harry Potter: Talvez mergulhar o mundo numa orgia histérica de marketing não encoraje o tipo de contemplação, independência e solidão que o verdadeiro envolvimento com livros exige – e recompensa. Deve-se considerar que, com o lançamento de cada novo volume, os leitores de Rowling vêm sendo levados não apenas a surtos mais…