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Do quartinho dos fundos ao salão de baile
NoMínimo / 03/07/2007

Como pouquíssimos outros acontecimentos promovidos no Brasil, a Flip foi capaz de concentrar no mesmo espaço e em torno dos mesmos interesses parte significativa do capital econômico, político, social e cultural do país. Desde sua primeira edição, fez com que presidentes de banco, ministros de Estado e figuras de diversos segmentos da cultura vissem ali motivos suficientes para compensar o deslocamento e a pouca familiaridade com a obra da maioria dos convidados. (…) Além das peculiaridades de sua organização, ajuda a explicar o caráter do evento o contexto de ampliação do debate acadêmico em que ele se insere. Nesse sentido, importa ver a Flip como participante de um processo que envolve a intensificação de cursos livres em diversas cidades do país, a promoção de ciclos de palestras e o sucesso de estabelecimentos destinados a ensinar filosofia e outros temas “nobres” para um público de alto poder aquisitivo. O artigo intitulado A fetichização do conhecimento, publicado na revista Trópico pelo jornalista Flavio Moura, é o melhor que já li sobre a Festa Literária Internacional de Parati, cuja quinta edição começa amanhã. Em sua tentativa de entender os porquês dessa festa de gala para a literatura num país em que no resto…

O melhor da Flip – de graça
Posts / 02/07/2007

Para quem, como eu, já está de malas prontas (não esquecer os tênis mágicos, de solado resistente ao calçamento mais absurdo do planeta) para ir a Parati, eis um aperitivo. Para quem não vai, uma ótima oportunidade de estragar um pouco o prazer alheio, usufruindo de graça daquilo que outros estão comprando caro. Do ponto de vista estritamente literário, é inútil negar que a maior atração da Flip é o escritor sul-africano/australiano JM Coetzee, um sujeito com fama de recluso e esquisitão que já avisou: não admitirá perguntas do público, limitando-se a ler em primeiríssima mão trechos de seu próximo livro, Diary of a bad year (“Diário de um ano ruim”), que seria lançado em outubro mas, parece, está ficando para janeiro do ano que vem. Fora a aura da presença grisalha do prêmio Nobel de 2003, portanto, o que Coetzee apresentará não é nada muito diferente do que pode ser usufruído aqui, neste trecho suculento antecipado pelo último número do “New York Review of Books” (em inglês, acesso livre). O excerto revelado de Diary of a bad year alterna blocos de texto ensaístico produzido por um famoso escritor australiano de 72 anos – coisa cabeçuda, investigando o eterno e insolúvel…