O leitor Pedro Santos me cobra uma palavra sobre o Nobel de Doris Lessing. Com razão. Nunca li a mulher, mas isso não é desculpa. Também nunca tinha lido Orhan Pamuk quando, há um ano, às 9h58 da manhã, comentei a notícia de seu Nobel. Sobre Doris Lessing, mesmo atrasado: além de parecer uma mulher de fibra, batuta, é uma escritora-escritora, para ficar na definição luxemburguiana, e isso é legal. Não gosto quando o Nobel vai para dramaturgos búlgaros ou poetas dialetais das Ilhas Maurício. Prefiro que premiem escritores que as pessoas lêem. E, claro, dar uma guinada para a ficção científica ou fantasia espacial depois de velha – fase que ela considera sua melhor – é uma idéia muito divertida. O Nobel laurear isso, mais ainda. Ah, sim: é uma mulher. A 11a. Acho que sob um outro aspecto é um Nobel cômodo, pois vai para uma escritora que já teve o seu tempo – já entrou para a história, digamos – e cuja explosão inicial, com os contos africanos e o título de persona non grata na Rodésia do Sul e na África do Sul em 1956, se deu em meados do século passado. Não sei se o…