A palavra “greve”, aquilo que o bispo Luiz Flávio Cappio voltou a fazer, vem – como tantas inconveniências, diria um ultraconservador – do francês. Sua história começa no século 12 com o vocábulo grève, “praia, terreno de areia ou cascalho à beira-mar ou beira-rio”. Antes de adquirir seu sentido político, a palavra passou a batizar uma praça de Paris, à beira do Sena, que por ter piso arenoso e sem calçamento era chamada de Place de Grève (hoje Place de l’Hôtel-de-Ville). Segundo o Houaiss, o local era “ponto de reunião de trabalhadores e operários sem emprego ou descontentes com as suas condições de trabalho; daí a expressão faire grève (1805)” – isto é, “fazer greve”, já então com o sentido de interromper coletivamente o trabalho como forma de protesto ou reivindicação, que mais tarde seria ampliado para outras modalidades de recusa, entre elas a greve de fome. E por que os trabalhadores se reuniam naquela praça? Explica Márcio Bueno, autor do bom livrinho “A origem curiosa das palavras” (José Olympio): “Nesse local funcionou durante muito tempo a Bolsa do Trabalho, órgão encarregado de cadastrar desempregados”. O primeiro registro de “greve” em português é de 1873, mas até as primeiras décadas…