Flowerville é um condomínio de luxo, com arquitetura e infra-estrutura modernas, mas comandado por senhor que age como um grande patriarca, um caudilho. O empreendimento só foi possível por causa de uma escusa troca de favores feita durante o governo militar, lembrando de como o capital no Brasil esteve vezes demais ligado ao Estado. Essa mistura de moderno e antigo integra toda a narrativa e, apesar do esforço da cúpula de Flowerville em continuar “saltando à frente” e ignorar os problemas ainda abertos, é o passado que ditará os rumos do enredo. A epígrafe do livro sobre a “máscara de puro sonho” é tirada da série de quadrinhos Sandman, de Neil Gaiman. Mais do que uma citação, a referência simultânea aos quadrinhos e ao universo onírico é incorporada profundamente na linguagem e na história. O grotesco e o absurdo não aparecem como uma exceção, mas como parte do modus operandi de Flowerville. Mais uma vez, tal como a mistura do moderno e arcaico, essa é uma abordagem que serve muito bem para o Brasil em geral, um lugar em que, hora ou outra, recebem-se notícias como uma adolescente encarcerada com homens. Enfim, o absurdo é produto da nossa “maquinaria nacional”,…