Li este artigo do escritor e blogueiro Garth Risk Hallberg na revista eletrônica Slate (em inglês, acesso gratuito) como se estivesse diante de uma ótima peça cômica: entre uma risada e outra, um incômodo zumbido de apreensão ao fundo. O artigo é curto e o assunto rende pelo menos um livro – que provavelmente não demorará a ser escrito. Mas basta para indicar alguns caminhos para a desconstrução do mito dos “resenhistas amadores” da Amazon.com. De uns anos para cá, essas figuras desalojaram críticos profissionais como os principais “produtores de conteúdo” da megalivraria virtual e foram saudados pela vanguarda do deslumbramento tecnológico como guerreiros da geração Web 2.0, aquela em que profissionais embolorados são varridos do mapa por gente-como-a-gente, leitores-escritores cujo diletantismo radical é garantia de integridade e frescor. “Que monte de esterco!”, diriam os menos ingênuos numa tradução pudica. Hallberg delineia os previsíveis jogos de interesse, luta por prestígio, troca de favores, lobby editorial, desonestidade intelectual gritante e outras trapaças que, sob a falta de transparência patrocinada pela própria Amazon, transformam a recente instituição dos principais resenhistas amadores (sim, há um ranking) num puteiro de alta produtividade. Basta dizer que a número 1 da lista, chamada Harriet Klausner, detém…