…quando se trata dos textos canônicos da moderna ficção científica, e da assombrosa geração de proféticos inovadores formada por seus contemporâneos – Isaac Asimov, Robert A. Heinlein e Ray Bradbury – os escritos do Sr. Clarke eram os mais bíblicos, os mais prontos a amplificar a razão com a convicção mística, os mais religiosos no sentido mais amplo da religião: especular sobre começos e fins, e como fazemos para ir de uns aos outros. Demoro um pouco a saber o que fazer dessa observação de Edward Rothstein em seu artigo sobre Arthur C. Clarke (1917-2008) no “New York Times” (em inglês, acesso gratuito). Passada a surpresa inicial, ela me ajuda a acertar contas com minha própria admiração adolescente – esquecida por décadas, mas essas coisas não morrem – por um escritor cujas fabulações me pareciam, naquele tempo, infinitamente superiores ao lirismo piegas de Bradbury e ao vale-tudo imaginoso, mas meio tosco, de Asimov. Paro por aqui as comparações, reconhecendo os limites estreitos de minha erudição no gênero. No meu caso, a paixão pela FC arrefeceu com a idade adulta, e o que dela restou já tinha migrado para as graphic novels quando chegou a vez de minha própria geração revolucionar…