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Perdoem-nos por nos trairmos
NoMínimo / 26/03/2008

Não sei se o sobrenome tem algo a ver com isso, mas vira e mexe eu preciso tomar a bênção do Nelson. Começou quando publiquei em 2000, no livro “O homem que matou o escritor”, um conto chamado O argumento de Caim, que tem o cara como personagem. O primeiro conto do meu primeiro livro, que bandeira. Angústia da influência? Não, prefiro influência da angústia. Ou só brincadeira, como nesta crônica escrita de encomenda semana passada: . O político sobe ao palco com solene lentidão, acompanhado da mulher. Uma saraivada de flashes torna a cena estroboscópica. Ele pára diante da tribuna de madeira maciça, dá duas pancadinhas para testar o microfone, pigarreia e diz: – Bom dia. Tive experiências extraconjugais. Traí minha mulher e não me orgulho disso. Minha mulher também me traiu. Mas nunca gastamos um centavo de dinheiro público para nosso deleite pessoal. O bordel de high school girls foi pago com meu salário suado, Madame Luba Jones está aí para comprovar. Venho confessar tudo de público antes que… Um murmúrio percorre a platéia composta de dezenas de jornalistas. Bloquinhos, gravadores e câmeras ondulam como um mar revolto. – Quem traiu primeiro? – grita uma moça ruiva na…