Clique para visitar a página do escritor.
Começos inesquecíveis: Rodrigo Fresán

Começa com uma criança que nunca foi adulta e acaba com um adulto que nunca foi criança. Algo parecido. Ou melhor: começa com um suicídio adulto e uma morte infantil e acaba com uma morte infantil e um suicídio adulto. Ou com várias mortes e vários suicídios em idades variáveis. Não tenho certeza. Não tem importância. Como se sabe – se desculpa e se perdoa –, os números, os nomes, os rostos costumam ser os primeiros a se atirar do navio ou a saltar da plataforma durante o naufrágio dessa memória sempre a ponto de ser aniquilada sobre os trilhos do passado. Uma coisa está clara: no fim do começo, no começo do fim, Peter Pan morre. Assim começa o romance “Jardins de Kensington” (Conrad, 2007, tradução de Sérgio Molina), do escritor argentino – radicado na Espanha – Rodrigo Fresán. O narrador é um escritor fictício, Peter Hook, mistura de herói e vilão a partir do nome em que se fundem Peter Pan e o Capitão Gancho. Hook, uma cria dos anos 60, alimenta uma obsessão por J.M. Barrie, autor da famosa fantasia vitoriana, e despeja seu drama sobre um ouvinte menino em condições peculiares. A história intrincada e maluquete…