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Começos (ainda) inesquecíveis: Dashiell Hammett

Domingo é dia de relembrar o inesquecível. Este post foi publicado pela primeira vez em 23/6/2006. * O maxilar de Spade era largo e ossudo, seu queixo era um V muito pronunciado, abaixo do V mais suave formado pela boca. As narinas se arqueavam para trás para formar um outro V, menor. Os olhos amarelo-cinzentos eram horizontais. O tema do V era retomado pelas sobrancelhas um tanto peludas que se erguiam a partir de duas rugas gêmeas acima do nariz adunco, e o cabelo castanho-claro tombava – de suas têmporas altas e retas – em uma ponta, por cima da testa. De modo bem ameno, ele parecia um satã louro. Disse para Effie Perine: – O que é, meu bem? O início de “O falcão maltês” (Companhia das Letras, tradução de Rubens Figueiredo, 2001), obra-prima lançada em 1930 por Dashiell Hammett (1894-1961) e fortíssimo concorrente ao título de maior romance policial da história, marca o momento – não desprovido de choque – em que a descrição da literatura realista encontra o grafismo econômico dos gibis.