Espantosa esta intervenção do escritor e médico gaúcho Moacyr Scliar num festival de literatura no interior de São Paulo, semana passada. Em vez de uma arte fina e difícil, que frustra a maioria dos que nela se aventuram para premiar uns poucos com ouro puro, o diálogo literário, segundo ele, seria enchimento de lingüiça: Para Scliar, o diálogo é apenas um recurso para preencher espaço em uma história. “Quando me deparo com um livro, busco descobrir a quantidade de diálogos que estão ali. Se forem muitos, não acredito que seja um bom livro.” Descartada a possibilidade de que Scliar se referisse aos diálogos de seus próprios livros, caso em que teria um argumento respeitável, resta a conclusão lógica de que, lá de sua tumba em Stratford-upon-Avon, Shakespeare está clamando aos céus: Lord, what fools these mortals be!