O que o governo federal (ou seria melhor, diante da preocupação geral em não deixar impressões digitais, usar aqui um sujeito indeterminado?) está tentando fazer com a CPMF, poucos meses após sua morte, tem em nossa língua um nome cheio de conotações religiosas: ressurreição, do latim resurrectionis, parente do verbo ressurgir. Só pode ressuscitar – isto é, reanimar-se, manifestar-se outra vez – aquele ou aquilo que estava morto. Como se sabe, a ressurreição é uma impossibilidade no reino da ciência e, no dogma católico, um poder reservado a Deus. No mundo das metáforas, porém, nada nos impede de empregá-la com liberalidade. Entre muitos outros casos de volta à vida, fala-se por aí na ressurreição de modismos, de carreiras e até, no sentido figurado, de pessoas que estavam apagadas ou esquecidas. Se de algum tempo para cá ficou mais comum, pelo menos em certos círculos, usar nesses casos a palavra revival, emprestada do inglês, vale observar que ela significa a mesma coisa – não faltam nem os contornos religiosos. Ateus, agnósticos ou pessoas de outras orientações espirituais que se incomodarem com a forte carga cristã de ressurreição têm outras escolhas no dicionário. A primeira é clássica: tratar a CSS como uma…