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Um personagem para chamar de eu
NoMínimo / 17/06/2008

Num artigo para a revista The Chronicle of Higher Education (via Arts & Letters Daily), o crítico americano Michael Dirda conta que, há algum tempo, perguntaram-lhe numa sala de aula que personagem dos livros gostaria de ser. A resposta esperada, diz ele, era certamente “literária”, algo como Odisseu (Ulisses) ou Huckleberry Finn. Mas ele respondeu: “Bond, James Bond”. E explica por quê: “Ele tem os melhores brinquedos, atrai mulheres lindas e vence em todos os jogos, seja golfe, bacará ou – em Devil may care – tênis”. São todas boas e másculas razões, sem dúvida. Só faltou dizer que Bond tem que matar gente, muita gente, o que, para alguns de nós, basta para estragar tudo. Mesmo que os mortos sejam todos “malvados”, há quem prefira manter distância dessa prática. Fiquei pensando se a literatura brasileira tem alguém que eu gostaria de ser. Houve um tempo em que talvez respondesse Mandrake sem hesitação. Hoje não sei. Será que nossa galeria de heróis, quase todos atormentados, não se presta a esse tipo de brincadeira? Aceito sugestões.