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Por que os leitores se mudaram para Cabul
NoMínimo / 19/06/2008

Li o esboço de um debate interessante, embora incipiente, nas entrelinhas do “Rascunho” de junho. De um lado, o carioca Nelson Motta, de cuja literatura não sou propriamente um fã, diz numa longa entrevista coisas sensatas como esta: Faço uma literatura de entretenimento, uma literatura pop. Minha grande ambição é alegrar, divertir as pessoas, emocioná-las um pouco, esclarecer uma coisa ou outra. É para isso que eu rezo literalmente, todo dia, antes de escrever: para que meu trabalho possa alegrar, divertir e esclarecer. (…) Já é muito difícil você conseguir essas coisas. Muita gente que quer fazer arte não consegue sequer fazer um bom entretenimento. E, às vezes, naquilo que tem o espírito de entreter com leveza, você também encontra arte e profundidade. Do outro lado – num artigo que, a meu ver, acaba atirando em alvos demais – o pernambucano Raimundo Carrero, escritor de vôo estético mais longo e ambicioso, passa em certo momento por um caminho que corta o de Nelson Motta num ângulo inesperado. Carrero parte de um lugar-comum: fala de uma ficção “que se dilacera entre a obra de arte e a obra voltada apenas para o leitor, transformada em mercadoria”. Chega a criticar de passagem…