A Flip começou cabeçuda, densa, talvez um pouco fria, com a conferência do crítico Roberto Schwarz sobre “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, o homenageado da festa este ano. Schwarz é um analista brilhante da obra machadiana, ponto. A leitura que faz do velho Joaquim Maria como o mais ácido crítico das relações de dominação de um país patriarcal e escravocrata é tão luminosa que, para mim, mais do que jogar novas luzes sobre o autor, ajuda a espantar as próprias sombras de irrelevância que costumam rondar a literatura. Mas quem já leu seus dois livros essenciais sobre o tema, “Ao vencedor as batatas” e “Um mestre na periferia do capitalismo”, não encontrou muita novidade na mesa terminada agora há pouco. A não ser, talvez, quando Schwarz terminou a leitura de seu ensaio e passou a responder perguntas da platéia. O clima de improvisação fez bem à noite. É interessante sua tese de que a virada ocorrida no conceito de Machado, de jóia do conservadorismo brasileiro a autor subversivo, coincidiu com o golpe militar de 1964, quando, na opinião dele, os últimos resquícios do otimismo modernista foram soterrados e “todo mundo perdeu a ilusão com a elite brasileira”. De repente,…