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Botequim em festa
NoMínimo / 03/07/2008

Pronto, aconteceu: a Flip 2008 teve sua primeira mesa para ser lembrada por muitos anos. “Você estava naquela mesa do Ovalle?”, muita gente perguntará ano que vem, dedicando então, em caso de resposta negativa, um olhar de pena ao interlocutor. E por que foi tão boa a tal Conversa de Botequim entre Humberto Werneck e Xico Sá, com mediação de Paulo Roberto Pires? Bom, qualquer tentativa de dissecar friamente esses momentos de alegria, e ainda por cima no calor da hora, é arriscada. Mas vamos lá: Para começar foi seguramente a mais engraçada de todas as que já vi em Parati. A mais desaconselhável para menores de dezoito anos também. Xico Sá, cronista famoso pela verve, começou pegando um pouco pesado nos palavrões para os padrões flipescos, e um bom punhado de sobrancelhas erguidas refletia o temor de que aquilo pudesse desandar. Não desandou: decolou. Jayme Ovalle tem muito a ver com isso. O personagem-tema do livro de Werneck, “O santo sujo” (mais sobre ele aqui), é uma figuraça que por si só estimula o clima de conversa vadia. E o autor, jornalista de renome, se revelou um exímio contador de casos. Mineiramente elegante, com um humor mais baseado no…

Vallejo contra Ingrid
NoMínimo / 03/07/2008

O escritor colombiano Fernando Vallejo, cujas opiniões contra tudo o que aí está são uma chatice abominável, deu sorte. Como fala baixo, num espanhol enrolado, e não havia tradução simultânea, a entrevista coletiva que deu hoje na Flip foi tão pouco compreendida pela maioria dos repórteres presentes que ele pôde se safar sem um arranhão quando foi além da chatice habitual, entrou pelo terreno da teratologia e, irritado, lamentou a libertação de sua compatriota Ingrid Betancourt. Prisioneira na selva, segundo ele, ela era “menos uma praga para nosso país”.

Novos, seminovos e uma velha sabedoria
NoMínimo / 03/07/2008

Na já tradicional mesa dos “novos autores”, sempre a primeira de quinta-feira, terminada há pouco, o mediador João Moreira Salles se confessou em grande dificuldade para encontrar o “mínimo denominador comum” entre quatro escritores que, além de terem estilos diferentes, nem mesmo no tempo de carreira se parecem: de um lado Michel Laub e Adriana Lunardi, quase veteranos com seus três livros cada um, e do outro os calouríssimos Vanessa Barbara e Emilio Fraia, autores de “O verão do Chibo” (Alfaguara), um romance escrito, coisa rara, a quatro mãos. Um dos pontos de contato que Moreira Salles descobriu entre eles – além de gozações como “sobrenomes iniciados por consoantes” – me chamou a atenção: todos têm bem-sucedidas carreiras paralelas à literatura, Adriana como roteirista de TV, os outros três como jornalistas. Pode parecer a maior das banalidades, mas numa mesa de novos e seminovos achei muito significativo. Talvez indique que está passando aquele sarampo neo-romântico que acometeu muita gente nos últimos anos: tratar a literatura como se ela simplesmente devesse ao escritor sua subsistência, ainda que precária, e que qualquer desvio dessa rota é uma sórdida traição à arte.

Melodia esquenta a 'Flic'
NoMínimo / 03/07/2008

Luiz Melodia fez um showzaço ontem à noite em Parati, misturando sambas antigos com sucessos de seu próprio repertório. Pouca gente se animou a mexer as cadeiras, apesar da banda afiada: intelectual é fogo. Mas o coro de centenas de vozes da platéia nos primeiros versos de “Estácio, holly Estácio” compensou. Para ser tudo perfeito, só faltou Melodia acertar o nome da festa, que chamou, repetidas vezes, de “Flic”. Uma espécie de Flip com soluço.