A Flip 2008 teve altos, baixos e, sobretudo, médios, mas termina como um bom filme hollywoodiano: deixando no freguês a impressão de que, se a redenção do herói é possível, então existe justiça no mundo. O que, como se sabe, é apenas uma ilusão, mas disso também se vive. Se o colombiano Fernando Vallejo, rei dos marqueteiros, tivesse conseguido roubar a cena de um escritor sério como o holandês Cees Nooteboom, na tarde-noite de sábado, o mundo estaria perdido. Ele bem que tentou, dizendo asneiras do tipo “toda literatura escrita em terceira pessoa é mentirosa; como o narrador pode saber o que se passa na cabeça de alguém?”. Nooteboom não perdeu tempo com isso: “O escritor é um mentiroso por natureza”. No fim Vallejo foi reduzido ao seu verdadeiro tamanho, e o sábado pôde caminhar para a apoteose da aula de Stoppard, que apresentei abaixo. O domingo também teve sua nota redentora. A mesa sobre futebol, compartilhada pelos dois intelectuais brasileiros que dedicaram mais horas de reflexão ao assunto, Roberto da Matta e José Miguel Wisnik, foi uma espécie de confraternização final que ajudou a borrar com o diluidor da “paixão nacional” a geografia política de um evento que, mais…
Depois de Luiz Melodia chamar a Flip de “Flic”, foi a vez de Luis Fernando Verissimo, em sua primeira frase da conversa com Tom Stoppard, ontem à noite, chamá-la de “Clip”. Ao contrário do músico, o escritor percebeu imediatamente o erro e se corrigiu. Cáspite! Coincidência, com certeza. Contudo, cabe a conjetura: e se a letra cê estiver cavando um convite para o convescote?