Voto, do latim votum, é uma palavra que veio do vocabulário religioso para entrar no da política. Seu sentido original, que ainda conserva, é o de promessa, desejo íntimo, e por extensão o de oferenda com que se paga tal promessa, consagração. Do voto de castidade dos padres aos votos de boas festas, das velas votivas aos ex-votos com que os fiéis agradecem as graças que acreditam ter recebido de Deus ou de algum santo, não faltam exemplos da permanência desse núcleo semântico religioso na linguagem moderna. De forma menos evidente, as bodas (casamento) também têm a mesma origem, segundo a maioria dos etimologistas. E a própria palavra devoção é descendente de votum, particípio do verbo latino vovere (obrigar-se, prometer), um termo de raiz indo-européia aparentado de outros do sânscrito e do grego. Se a história do voto devocional vem de muito longe, seu sentido político hoje dominante – “modo de manifestar a vontade ou opinião num ato eleitoral ou assembléia”, segundo o Houaiss – é bem mais recente. Registrada em inglês a partir do século 15 ou 16, consta que essa acepção da palavra vote nasceu no parlamento da Inglaterra e logo foi importada pelas línguas latinas, a começar…