O governo federal não quer que a medida provisória 443 fique conhecida como pacote. Nenhuma surpresa. Pacote é uma palavra de tom crítico que costuma ser mais favorecida pela imprensa do que por governantes. Usado no Brasil desde aproximadamente 1960, segundo o Houaiss, com o sentido de conjunto de medidas adotadas de um só golpe a fim de atacar um problema emergencial na área econômica ou política, não é de hoje que o termo carrega um ar pejorativo que pode até chegar à zombaria nos aumentativos pacotão ou pacotaço. As conotações negativas parecem ter se incorporado à palavra aos poucos. O auge da má fama carrega a data de 1o de abril de 1977, quando o chamado Pacote de Abril baixado pelo presidente Ernesto Geisel fechou o Congresso Nacional e criou os senadores biônicos. Isso fez colar na palavra para sempre uma mancha de autoritarismo. Mesmo após o fim da ditadura militar, pacote conservou alguma truculência: afinal, a adoção em bloco de medidas de alcance social sempre carrega o risco do erro de cálculo. Pacote não aparece apenas em contextos negativos. Fala-se de forma simpática em pacotes de incentivo a atividades acima de qualquer suspeita. Nem os dicionários destacam o…