A ficção é tão boa ou melhor do que estudos acadêmicos em “representar e comunicar as realidades do desenvolvimento internacional”, concluiu um estudo conjunto da Universidade de Manchester e da London School of Economics, segundo notícia publicada ontem pelo jornal “Daily Telegraph” – em inglês, acesso livre. O argumento é que a ficção (o que, para efeitos do estudo, inclui poesia e dramaturgia) “não é comprometida pelas questões de complexidade, política ou legibilidade que às vezes afetam a literatura acadêmica”. O romance “O caçador de pipas”, de Khaled Hosseini, um best-seller mundial, é citado como exemplo: teria feito “mais para educar os leitores ocidentais sobre as realidades da vida no Afeganistão sob o jugo dos talibãs e imediatamente depois do que qualquer campanha governamental de mídia, relatório de organização de direitos humanos ou pesquisa de ciência social”. Muita gente vai dizer que os caras endoidaram ou querem aparecer, com essa conclusão tão contrária à nossa era de crença suprema na ciência e nos “fatos”. Outros, lembrando que contar histórias sempre foi – e não tem por que deixar de ser – parte indissociável daquilo que fez da humanidade, humanidade, dirão que os pesquisadores ingleses estão redescobrindo a pólvora. Fico com…