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Sapato
A palavra é... / 20/12/2008

Os sapatos que o jornalista iraquiano Muntazer Al Zaidi atirou em George W. Bush com excelente pontaria – mas não tão boa quanto o reflexo do presidente americano ao se desviar dos petardos – têm tudo para ficar na história como a imagem mais marcante de um melancólico fim de mandato. O peso simbólico da cena já era evidente antes mesmo de sermos informados de que, na cultura árabe, é um insulto humilhante atirar calçados contra alguém. Pouco importa que, na Europa da Idade Média, um costume de origem obscura considerasse o mesmo ato um gesto simpático, equivalente a um voto de boa sorte. Para os propósitos desta coluna, a elevação de um objeto tão corriqueiro ao estrelato do noticiário político internacional é uma oportunidade única para abordar um aspecto bem diferente da questão: a posição singular ocupada pelo sapato, que é um artefato dos mais – digamos assim – pedestres e rasteiros, mas ao mesmo tempo um dos grandes mistérios etimológicos ocultos em nosso vocabulário cotidiano. Os etimologistas nunca conseguiram sequer chegar perto de um acordo sobre a origem do termo português sapato, do espanhol zapato, do francês savate, que significa sapato (ou chinelo) velho, e do italiano ciabatta,…