A palavra holocausto entrou no vocabulário de nossa língua no século 14. Vinha em última análise, depois de uma tabela com o latim, do grego holókaustos, “sacrifício ritual pelo fogo”. Mas isso se tornou uma espécie de pré-história do vocábulo depois que seu sentido dominante – já como nome próprio – passou a ser o genocídio dos judeus empreendido pelo regime nazista de Adolf Hitler. Não era a primeira vez que a palavra era usada em referência a massacres. Consta que, antes da Segunda Guerra, o brilhante orador Winston Churchill a tinha empregado para descrever o assassinato de um milhão de armênios pelo governo turco. Mas a escala inédita do extermínio de judeus europeus pelos nazistas exigia um nome próprio para marcar seu caráter único – um crime que, em relação a todos os outros pogroms que vitimaram judeus ao longa da história, era diferente “não só em grau de seriedade, mas em essência”, nas palavras da filósofa Hannah Arendt. Holocausto começou a ganhar esses contornos específicos como tradução do termo hebraico Shoah, “catástrofe”, que já em 1940 era usado para designar o massacre de judeus poloneses pelos alemães. Segundo dicionários etimológicos americanos, a palavra apareceu registrada com inicial maiúscula…