Quando se diz que um banco foi ou está ameaçado de ir à bancarrota – e como se diz isso nos últimos meses, não? –, esbarramos numa sabedoria etimológica que, apesar de óbvia, o hábito mantém trancada no cofre da língua. É que o substantivo bancarrota, existente no português desde o século 16, foi importado do italiano banca rotta, que significa literalmente “banco quebrado”. Quase um século antes da bancarrota, e vindo do mesmo italiano, tinha desembarcado no português o substantivo banco com o sentido de instituição financeira especializada em depósitos e créditos. Na origem dessa acepção havia uma metonímia, figura de linguagem pela qual se nomeia a parte para designar o todo: banca era a mesa, a bancada em que se realizavam as transações em dinheiro, especialmente empréstimos. Como se vê, é dessa forma que o sentido financeiro de banco se liga àquela outra acepção do termo, a de superfície (em geral de madeira) usada como assento ou mesa, que é mais antiga e tem prováveis raízes germânicas. Peça de mobília à parte, é um atestado da importância das cidades-Estado italianas como centros financeiros da época o fato de que banca gerou uma inflação de palavras em outras línguas,…