Clique para visitar a página do escritor.
Marolinha
A palavra é... / 14/03/2009

E a marolinha de Lula era mesmo um tsunami, afinal. É fácil fazer piada com um erro de avaliação tão caudaloso, mas a própria eloqüência das imagens favorecidas pelo presidente da República torna isso inevitável. Opor o duplo diminutivo de uma pequena marola, isto é, ondinha ou ondulação natural do mar, a tsunami, nome japonês da vaga gigantesca provocada por tremores de terra ou erupções vulcânicas, é um exercício retórico tão expressivo quanto arriscado. E Lula perdeu. A origem de marola, regionalismo brasileiro que o dicionário da Academia das Ciências de Lisboa nem registra, não parece sólida. A maioria dos nossos dicionários aposta numa formação nativa do termo, que seria a junção de mar com o sufixo diminutivo “ola” – o mesmo usado em camisola e bandeirola. Mas não parece razoável descartar a possibilidade de o vocábulo ter vindo do espanhol marola, com uma alteração semântica no meio do caminho. Na língua de Cervantes, seu sentido é o oposto: onda grande. Tsunami é outra história. Sabe-se que a palavra veio do japonês tsu (porto) + nami (onda) e que começou a ser usada por aqui já em fins do século 19. Sua popularidade, porém, só explodiu com o cataclismo que…