O bônus da discórdia que a seguradora AIG quer pagar a seus principais executivos é uma palavra que o vocabulário financeiro americano importou no último quarto do século 18 do latim bonus, um adjetivo que significa bom, para nomear uma remuneração suplementar, um ganho extra pago aos investidores. Quando bônus desembarcou no português com esse mesmo sentido, cerca de um século mais tarde, já existiam por aqui tanto o verbo bonificar quanto o substantivo bonificação, do francês bonifier e bonification. O significado é idêntico e a origem, no mínimo, semelhante. (Bonificar também queria dizer inicialmente beneficiar, tornar mais produtivo, mas tal acepção caiu em desuso.) De todo modo, foi na cultura americana que o bônus – como palavra e como prática – se consolidou primeiro com o sentido restrito que agora provoca polêmica. Uma reportagem da revista eletrônica “Slate” situa a origem do bônus como suplemento salarial na moda, surgida em diversas empresas em fins do século 19, de dar presentes de Natal a seus principais funcionários. Poucos anos depois, alguns empresários tinham trocado os presentes por uma remuneração em dinheiro – suplemento que em 1952, por lei, passou a ser considerado parte integrante do salário sempre que fosse pago…