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Começos inesquecíveis: Edgar Allan Poe

As faculdades do espírito, denominadas analíticas, são, em si mesmas, bem pouco suscetíveis de análise. Apreciamo-las somente em seus efeitos. O que delas sabemos, entre outras coisas, é que são sempre, para quem as possui em grau extraordinário, fonte do mais intenso prazer. Assim, em tom ensaístico e prometendo prazeres que de fato entregaria, o escritor americano Edgar Allan Poe começava a apresentar ao público em 1841 o francês Auguste Dupin, protagonista do conto “Os crimes da Rua Morgue” (Nova Aguilar, “Ficção completa, poesia e ensaios”, tradução de Oscar Mendes). Detetive amador dotado de uma assombrosa capacidade de observação, análise e dedução, Dupin, que depois disso apareceu em mais dois contos apenas, é a matriz escancarada do inglês Sherlock Holmes, que nasceu quatro décadas depois e acabou muito mais famoso do que ele. Eis um começo menos inesquecível em si do que pelo que inaugurou: a literatura policial moderna.