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Emma Bovary se despe na rede
NoMínimo / 07/05/2009

Dia desses, um estudante de Jornalismo de Belo Horizonte me mandou um pequeno questionário por email sobre as relações entre internet e literatura. Quase respondi que está na hora de arrumarmos uma pauta mais original, mas me contive – ainda bem. É verdade que já faz alguns anos que nossos papos andam um tanto obsessivos, mas talvez isso seja compreensível diante da vastidão do tema. Acabei respondendo o que sempre respondo, que a internet não me parece um ambiente muito propício para a criação literária em si, mas é sem dúvida o paraíso para todo o resto: divulgação, debate, circulação, descoberta, pesquisa, tietagem, compra, venda, o diabo. Um belíssimo exemplo disso é este site da Universidade de Rouen, na França, em que se pode ler o texto de “Madame Bovary” em francês e, clicando num trecho qualquer, abrir o fac-símile do original manuscrito – a maioria, como este aí ao lado, rabiscadíssimo por Gustave Flaubert em sua lendária caça à “palavra justa”. Escoltando a página com os garranchos há uma outra, limpa, com sua decifração/transcrição. À parte a utilidade óbvia para estudiosos de Flaubert, trata-se de um brinquedo genial. E um encontro emocionante entre literatura e internet.