O início de um Campeonato Brasileiro marcado pela volta de jogadores de alto nível que andavam fora do país, Ronaldo Fenômeno à frente, é uma boa oportunidade para falar da história da palavra craque. Tudo indica que o termo, um dos muitos anglicismos que povoam o vocabulário do futebol, tenha nos chegado no equipamento esportivo de um daqueles ingleses que, no início do século passado, ainda nos ensinavam a jogar bola – poucas décadas antes de se inverter dramaticamente a posição de quem tinha coisas a aprender nesse departamento. O desembarque oficial de craque em nosso idioma leva a data de 1913, quando apareceu no Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Cândido de Figueiredo. Era um tempo de aclimatação apressada de termos ligados ao futebol – casos semelhantes foram quíper (do inglês goalkeeper, goleiro), que praticamente caiu em desuso, e beque (de back, jogador de defesa), que ainda se usa hoje, embora zagueiro seja a forma preferencial. Sem mencionar o próprio termo futebol, versão aportuguesada de football, que se sobrepôs a todas as tentativas de criar um neologismo culto para nomear o esporte, como ludopédio e balípodo. A matriz inglesa de craque é crack – não o substantivo, que quer…