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Bernardo e Atiq: universais, nós?
NoMínimo / 03/07/2009

A química da mesa de Atiq Rahimi e Bernardo Carvalho, no fim da manhã de hoje, não foi das mais potentes. Mas houve um momento em que, discordando, o afegão-francês e o brasileiro, dois bons escritores, iluminaram uma questão interessante sobre a circulação de livros e idéias pelo mundo: “Não existe uma literatura universal”, disse Bernardo, autor de romances em que o elemento estrangeiro é crucial, como “Mongólia” e “O filho da mãe”. E explicou: “Existe uma guerra geopolítica de imposição de literaturas. Na China, onde estive antes de escrever ‘Mongólia’, não existe o menor interesse pela literatura brasileira. Acho que ela nem seria compreendida lá, caso fosse lida. Posso estar sendo pessimista, mas vejo cada vez mais uma política de fechamento, cada bloco cultural defendendo seus interesses.” Respondeu Rahimi, cujos relatos baseados em seu passado afegão encontraram excelente acolhida na França (Goncourt incluído) e em outras partes do mundo: “Não digo que todos os escritores do mundo escrevam da mesma forma, mas que todos somos seres humanos. Temos em comum nossos limites em relação à morte, à família, ao amor. Li ‘Os Miseráveis’ quando tinha 14 anos, quando não sabia nada da França, e foi uma revelação.” Dirigindo-se ao…

Os cabeçudos
NoMínimo / 03/07/2009

Richard Dawkins, entrevistado com muita competência por Silio Boccanera, foi – como estava programado – a grande atração de quinta-feira. Articulado e com aquela fala claríssima dos ingleses educados, Dawkins me surpreendeu pela serenidade com que expõe seus pontos de vista, bem diferente do estilo inflamado de Christopher Hitchens, por exemplo, com quem vem dividindo o palco de uma certa cruzada ateísta. Foi engraçado quando ele disse que o fato de os cérebros humanos terem crescido enormemente nos últimos três milhões de anos não significa que essa tendência evolutiva se manterá nos próximos três milhões de anos. “Para isso, seria necessário que as pessoas cabeçudas continuassem a ter mais facilidade de se acasalar do que as pessoas não cabeçudas, o que já não parece ser o caso”, disse. Não fora de Parati, pelo menos. Ah, eu tinha prometido mais notícias sobre a mesa “Verdades inventadas”? Tinha. Mas descubro agora que é impossível resenhar um evento do qual participei, a não ser para dizer que correu tudo bem, muito bem, e que o alívio que sobreveio foi comemorado com um Cohiba.