Observações avulsas num fim de tarde de sábado, enquanto Gay Talese não sobe ao palco: Cristovão Tezza e o mexicano Mario Bellatin fizeram uma mesa estranhamente desequilibrada ontem à tarde. O brasileiro, que veio à Flip a bordo de um veículo raro – um best-seller aclamado pela crítica – chamado “O filho eterno”, se viu escalado no papel de coadjuvante do convidado estrangeiro, uma figura certamente curiosa, com sua prótese em forma de falo no braço direito, para quem o mediador, Joca Reiners Terron, levantou cerca de 70% das bolas. Senti algum desequilíbrio também na mesa que Milton Hatoum e Chico Buarque dividiram ontem à noite. Neste caso, não por falta de balanço entre os dois, que mostraram entrosamento ao se acusarem mutuamente de plágio (brincadeirinha), mas por uma concentração excessiva das perguntas do mediador Samuel Titan Jr. em detalhes de concepção e feitura de seus livros. Sobriedade e gentileza demais podem atrapalhar. Nada se perguntou a Milton, por exemplo, sobre sua polêmica condenação dos blogs literários. Nem se procurou saber de Chico como encara as críticas de machadianismo pesado feitas à sua novela “Leite derramado”. Conclusão provisória, para a qual contribuem ainda as ótimas entrevistas feitas por Silio Boccanera…