Na Flip, o mexicano Mario Bellatin contou como, estudante de comunicação em Lima, lançou sua primeira obra: vendendo vale-livros (ricamente impressos) para amigos e conhecidos em nome de uma editora fictícia, a fim de financiar uma edição do autor. A parte surpreendente da história é o sucesso que a estratégia fez, botando Bellatin no mapa definitivamente. Achei curioso voltar de Parati e descobrir que o blogueiro Alex Castro – que não conhecia a história de Bellatin até eu mencioná-la – está tramando em esquema semelhante de pré-venda o lançamento de seu primeiro romance de papel, “Mulher de um homem só”, que já andou disponível em pdf no site do autor. A editora, a independente Os Viralata, não é exatamente uma ficção, mas o resto bate. Num tributo ao fetiche da celulose, que não dá o menor sinal de agonia em meio a toda a fanfarra virtual, os primeiros compradores terão seus nomes listados na edição. Fica a dica para quem quiser se lançar no mercado neste momento em que o apetite das grandes editoras por novos nomes, após a voracidade do início do século, vai se aproximando da anorexia.