O post de hoje é a reunião de dois textos publicados no NoMínimo em 7 e 8/11/2005: O adjetivo “crasso”, do latim crassus (gordo, espesso), ganhou em português o sentido figurado – e hoje dominante – de “grosseiro, tosco”. Pode-se falar, por exemplo, numa pessoa crassa, num acabamento crasso, num discurso crasso, entre infinitas possibilidades mais ou menos crassas. Mas isso é teoria. Curiosamente, “crasso” acabou restrito, no mercado real das palavras, ao emprego de ajudante do substantivo “erro”. Algumas palavras se casam, entre juras de fidelidade eterna, e não é mole separá-las. * Volto à palavra de ontem porque vários leitores – alguns deles, justiça seja feita, com uma dose saudável de ceticismo – me escreveram para dizer que, segundo uma tese de sucesso na internet, inclusive na Wikipedia, os erros grosseiros começaram a ser chamados de “crassos” por alusão a um grave equívoco de estratégia militar cometido por Marco Licínio Crasso, membro do primeiro triunvirato romano, ao lado de Pompeu e Júlio César. Pode ser verdade? Pode, nunca se sabe. Mas que tem cheiro de etimologia romântica, tem. Consultando tomos vetustos e outros nem tanto, não encontrei nenhum etimologista sério que dê crédito a essa tese. De resto,…