Se passarmos a fita da história ao contrário vamos presenciar, numa daquelas eras que antigamente se chamavam de priscas, o encontro da palavra “gravata”, acessório polido do vestuário masculino, com a palavra “croata”. Veremos então que os dois vocábulos, um tanto surpresos, se apalpam, se cheiram – e se fundem. A cena se passa bem longe dos salões urbanos em que a gravata brilharia: o que vemos ao fundo, contra o céu roxo, são colunas de fumaça numa paisagem sangrenta de trincheiras. Pois é. A “gravata”, que, já perfumada, nos chegou do francês cravate na virada entre os séculos 17 e 18, antes disso (passando a palavra ao filólogo Silveira Bueno) “veio para o centro da Europa trazida pelos cavaleiros croatas, durante as guerras com a Alemanha desde 1636, depois pelos mercenários croatas dos reinados de Luis XIII e XIV, que compunham o regimento Royal Cravate. A forma primitiva foi o eslavo hrvat passada a um dialeto alemão Krawat”. Simplificando a prosopopéia: os soldados croatas tinham o costume de amarrar no pescoço uma tira de tecido que, vejam só, caiu no gosto dos europeus urbanos. Entre os alemães, o acessório se tornou conhecido também como “croata”, em versão dialetal. Que…