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O alto, o baixo e o preguiçoso
NoMínimo / 01/09/2009

Vejam Cormac McCarthy, que por anos parecia ser o mais velho modernista vivo em cativeiro, mas que inaugurou sua fase madura com um romance sobre um serial killer e o seguiu com uma obra de ficção científica apocalíptica. Vejam Thomas Pynchon – em “Inherent vice”, ele trocou suas pesadas acrobacias verbais de sempre pela estrutura mais manejável de um romance de detetive hard boiled. Esse é o futuro da ficção. O romance está finalmente despertando de um cochilo de pedra de cem anos. As velhas hierarquias de gosto estão desmoronando. Os gêneros se hibridizam. A balança do poder está deixando de pender para o escritor e voltando para o leitor, e pactos com o gosto do público vão sendo feitos por toda parte. O lirismo está em declínio, enquanto o suspense, o humor e o ritmo se livram de seus estigmas e assumem o lugar de tecnologias literárias centrais do século 21. De objeto de arte solene e hermético, o romance vai desabrochando em algo mais aberto e casual: uma literatura do prazer. Os críticos terão que acompanhar a mudança. Essa nova linhagem de romances é resistente à interpretação, mas não da forma como a escola modernista era. São livros…