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Uma ilha, um livro
Sobrescritos / 24/11/2009

– Você vai passar o resto dos seus dias numa ilha deserta e pode levar um livro – ela diz. – Um só? – Um só. Qual você escolhe? Ele pensa um pouco. – Nenhum. – Como, nenhum? – Nenhum. Não vou ler, morto não lê. – Não – ela ri – quê isso, na ilha tem comida à vontade, você não morre. Só fica lá de bobeira, vivendo superbem e… lendo um livro. – Pode ser que você fique lá, lendo esse livro. Eu não fico porque me mato antes. – Se mata… – Mato, mato. Um livro só? Mil vezes a morte. Ela fica meio desconcertada porque é a primeira vez que um homem bagunça assim o seu teste, mas acaba decidindo que gostou, gostou muito, mais até do que se ele dissesse Estrela da vida inteira, Em busca do tempo perdido ou outra das respostas que ela costumava classificar como “certas”. Olhando para o homem do outro lado da mesa do restaurante, vê alguém que nunca viu antes. Pela primeira vez tem vontade de beijá-lo e pensa, sentindo uma moleza nos joelhos, que a noite promete. Enquanto isso, ele fica matutando que a idéia de um único…