O leitor José Luiz Fonseca escreve para falar de sua curiosidade sobre a palavra “escroque”, que, como ele diz, “no meio dessa crise, vejo toda hora aparecer nos textos”. De fato, escroque – “indivíduo que se apodera de bens alheios por manobras fraudulentas”, segundo o Aurélio – não é artigo que ande em falta. O Houaiss informa que a palavra, vinda do francês, chegou por aqui oficialmente em 1914. Foi naquele ano que a revista “Fon-Fon” empregou o termo pela primeira vez – ainda com a grafia “escroc”, que só seria adaptada para a atual duas décadas mais tarde. O francês, por sua vez, tinha ido buscar a palavra no italiano scrocco, “golpe, calote”. Como se percebe, “escroque” nada tem a ver, etimologicamente, com “escroto”, que numa acepção bem brasileira serve para qualificar aquele ou aquilo que é ruim, feio, mau-caráter, de mau gosto etc. Acontece que a etimologia não explica tudo. É provável que as semelhanças sonoras e semânticas entre as duas palavras tenham contribuído para que prosperasse entre nós o velho galicismo da “Fon-Fon”. Publicado no “NoMínimo” em 26/8/2005.