Antes de ler “Flores azuis” e “Galiléia”, eu me perguntava por que as livrarias reservam uma parte toda especial, geralmente escondidinha e acanhada, para a literatura nacional. Confesso, envergonhado, que eu via isso com alguma revolta. Um resquício de patriotismo que não saiu no banho, talvez. “Flores azuis” e “Galiléia” me deram uma explicação para este fenômeno que não é só comercial. Na verdade, tudo é muito simples: literatura brasileira, em geral, não é livro que se queira ler. É livro que se pretende estudar, analisar, discutir. Aquilo que parece um romance é, na verdade, um objeto de estudo — um livro praticamente didático. Logo, convém mesmo deixar a literatura brasileira bem separadinha daqueles livros que a gente compra porque quer lê-los à noite, antes de dormir, ou na praia. Minha sugestão é que o mercado editorial comece a lançar promoções do tipo “Compre este livro e ganhe uma tese”. Pode dar certo. Paulo Polzonoff chuta o pau do ombrellone na partida final da Copa de Literatura 2009, em que “Flores azuis”, de Carola Saavedra, derrotou “Galiléia”, de Ronaldo Correia de Brito. Disputada por livros lançados em 2008, a competição termina em 2010, mas não creio que essa morosidade crítica…