Naquele primeiro post da história deste blog, para o qual criei um atalho ontem, havia um link quebrado – irremediavelmente quebrado a esta altura, soterrado nos escombros do “NoMínimo”. Trata-se de uma resenha que publiquei no já distante ano de 2004 sobre “O negro no futebol brasileiro”, de Mario Filho. Em nome da sempre interessante discussão sobre literatura & futebol, decidi republicar o texto na íntegra: Algumas mentiras, de tão repetidas, passam por verdades. Uma delas aponta o que seria uma contradição a mais da vida brasileira, entre as muitas de que o país é feito: nosso futebol, com seu incomparável apelo de massa e sua qualidade aclamada em todo o mundo, nunca produziu na literatura uma única obra à altura dessa exuberância. Trata-se de uma quase-verdade. Só é mentira, e mentira clamorosa, porque o jornalista Mario Filho lançou em 1947 – e relançou, com o acréscimo de dois capítulos, em 64 – um livro chamado “O negro no futebol brasileiro”. Não se trata apenas do “maior clássico sobre o futebol brasileiro”, como costuma ser apresentado. É o único clássico digno desse nome, a mais acabada tradução da mitologia construída por um povo – fundada ou não, sonho ou realidade,…
Quem, como eu, já estava vivo quando Pelé marcou seu milésimo gol deve entender minha sensação de que esse número redondíssimo estará para sempre associado ao futebol. Daí eu me lembrar agora, quando o Todoprosa completa mil posts – o que não é nenhum feito de craque, claro, mas ainda assim merece comemoração – de como tudo começou, em maio de 2006: com uma discussão sobre o velho tema futebol & literatura, um dos mais recorrentes em nossa imprensa literária. A coisa toda parte de uma pergunta simples, embora talvez enganosa: por que nunca produzimos um romance sobre o esporte nacional que lhe faça justiça? Aquele era um ano de Copa do Mundo, como este também é. Alguém quer apostar que a pauta vai ser ressuscitada nos próximos meses?