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Está rindo de quê, ô?
NoMínimo / 08/02/2010

“A comédia me parece ser tudo o que resta para um escritor trabalhar no mundo atual. Drama, romance, épico, tudo isso de alguma forma parece corresponder a outras épocas, a outras formas de ver o mundo.” A declaração do inglês Martin Amis, em entrevista que fiz com ele para o “Jornal do Brasil” em 2001, é categórica demais para não conter muito de exagero. Mesmo assim, nunca mais a tirei da cabeça. De vez em quando me divirto imaginando como se sairia, julgada por critério tão absoluto, a literatura brasileira contemporânea e sua irmã, a crítica, que parecem ter se esquecido por completo da lição de Machado e – num país basicamente absurdo, o que é mais absurdo ainda – tentam empurrar o humor e a ironia para fora de seus domínios, como se fossem recursos estéticos necessariamente menores. Amis, claro, é um provocador profissional. Parecia usar a mesma régua do humor, além de um certo ressentimento pelo Nobel alheio, quando declarou recentemente que o “depressivo” J.M. Coetzee “não tem talento” – o que é ridículo. Mas Amis é também um escritor inquieto e ambicioso que a meu ver, mesmo quando quebra a cara, dá um jeito de quebrá-la de…