Onde termina o sampling e começa o plágio, eis a questão. Que não é inteiramente nova: pouca gente deve se lembrar, mas em maio de 2006 uma estudante de Harvard chamada Kaavya Viswanathan (leia post da época aqui) foi do céu ao inferno quando descobriram que seu badaladíssimo romance de estréia era na verdade uma colagem de diversas obras. A novidade do caso recente (em inglês) da alemã Helene Hegemann, 17 anos, de roteiro inicialmente parecido, é que a parte do inferno nunca veio. Seu romance de estréia vende mais que nunca e até ganhou um prêmio de prestígio depois que as acusações de plágio começaram a pipocar. Detalhe: Hegemann foi esperta – ou cândida? – o suficiente para incorporar à própria tessitura de seu livro o atualíssimo tema do sampling, do reprocessamento de retalhos alheios, do imediato domínio público em que cai ou deveria cair qualquer criação artística na era da informação digital. “Não existe a tal da originalidade, de qualquer maneira: apenas a autenticidade”, declarou ela em nota oficial. O que eu penso de tudo isso? O terreno é movediço, mas eu diria que – como comprova o chamado “caso dos escritores Jerominho” – o recurso pós-moderno do…