O crítico literário inglês Terry Eagleton é um bicho meio raro nos dias de hoje: um intelectual que, entre uma visão de mundo pautada no marxismo e a reflexão livre e iconoclasta, fica com as duas. Presença confirmada na Flip deste ano, em agosto, só resta lamentar que dois de seus maiores adversários intelectuais tenham vindo em outras edições do evento – Martin Amis em 2004 e Christopher Hitchens em 2006. Do contrário, poderíamos ver faíscas saindo daquelas pedras absurdas que em Parati passam por calçamento. E talvez ainda possamos: Salman Rushdie, que volta à festa após a participação de 2005, também entra na turma de “literatos iliberais” que Eagleton ataca em entrevista (em inglês, acesso gratuito) publicada há poucos dias pela “New Statesman”, da qual reproduzo o trechinho abaixo: Por muito tempo, eles [Hitchens e Amis] eram bastante divergentes politicamente: Hitchens ainda era uma espécie de socialista e Amis, veementemente anticomunista de uma forma desinteressante, estilo Guerra Fria. Mas desde então eles convergiram. E hoje são velhos chapas apoiando-se um ao outro, respondendo instantaneamente a qualquer ataque que o outro sofra. Me intriga o modo como todo um estrato de literatos liberais (Rushdie, Ian McEwan em certa medida, AC…