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McEwan faz comédia com o aquecimento global
NoMínimo / 08/03/2010

Um livro novo do inglês Ian McEwan é sempre algo a ser aguardado com certa ansiedade. Afinal, estamos falando do sujeito que escreveu “Reparação”, que é sem dúvida um dos grandes romances deste início de século – ou o maior deles, dependendo da facilidade com que alguém se deixa levar pelos superlativos, mas dá no mesmo. O novo livro de McEwan se chama “Solar” e vai ser lançado no Reino Unido no próximo dia 18. Mantendo o movimento pendular entre o romance de época e o romance agudamente contemporâneo de sua carreira recente – “Reparação” (passado), “Sábado” (presente), “Na praia” (passado) – o livro tem como tema central a mudança climática. McEwan fez uma viagem ao Ártico como parte do trabalho de pesquisa e criou um protagonista, o físico Michael Beard, que é vencedor do Nobel e tem idéias sofisticadas sobre a salvação do planeta por meio da “fotossíntese artificial”. Mas o mais notável não é isso. Em entrevista ao jornal “Guardian” (em inglês, acesso gratuito), o autor – que pela crueldade de suas tramas ganhou de seus conterrâneos o apelido de Ian Macabro – confirma os rumores de que “Solar” é uma comédia: “Na verdade, eu acho os romances…

Curiosidades etimológicas: Gringo
A palavra é... / 06/03/2010

Gringo é um termo de conotações pejorativas que os mexicanos, no século XIX, tornaram praticamente sinônimo de americano. Nem sempre foi assim. “Gringo” é uma variação do espanhol griego, “grego”, e surgiu na Espanha – consta que primeiro em Málaga, depois em Madri – para designar de forma jocosa qualquer estrangeiro que falasse “enrolado”, especialmente os irlandeses. Vê-se entre nós a permanência da idéia do grego como algaravia na expressão “falar grego”, que significa “expressar-se de forma ininteligível”. Um provérbio latino medieval está na origem de tudo isso: Graecum est; non potest legi, ou seja – “É grego; não se consegue ler”. A origem espanhola da palavra está registrada no Diccionario Castellano, de P. Esteban de Terreros y Pando, publicado em 1787. Muitas décadas, portanto, antes da guerra entre México e EUA (1846-1848) em que “gringo” se firmou no Novo Mundo. Segundo o Merriam-Webster, o verbete de 1787 desmente uma lenda etimológica de ampla circulação, a de que o termo teria nascido de uma canção escocesa tradicional que os soldados americanos cantavam na guerra contra os vizinhos do Sul, “Green Grow the Rashes, O!”. Isso teria levado os mexicanos, interpretando ao seu modo as duas primeiras palavras do verso de…

A chegada do ‘Sabático’ desafia a maré
NoMínimo / 05/03/2010

A reforma gráfica e editorial que o jornal “O Estado de S. Paulo” estreará no próximo dia 14 inclui uma novidade de grande relevância para o meio ambiente literário, especialmente num clima global em que os suplementos de livros da grande imprensa só fazem encolher ou morrer: um caderno dedicado à literatura – aos sábados, naturalmente – chamado Sabático. Está certo que o nome soa pernóstico, mas, antes mesmo de ver o produto, vale dizer: boa, Estadão! Será mais um sinal de que a imprensa que depende de celulose está menos moribunda do que tanta gente, principalmente gente que nunca arranjou emprego numa redação, anda apregoando alegremente nos últimos anos? É o que argumenta o escritor americano – e fundador da editora independente McSweeney’s – Dave Eggers, em defesa de seu recém-lançado jornal-de-um-número-só (mas a coisa mais linda do mundo) San Francisco Panorama. “Há um monte de coisas que a imprensa de papel pode fazer como ninguém e que a internet não pode”, diz Eggers com a autoridade de quem praticamente nasceu no ambiente digital, na equipe da revista eletrônica Salon.com. “As duas formas deveriam coexistir, em vez dessa situação de soma zero em que parecemos empacados hoje.”

‘Sobrescritos’, o filme. Filme?! É, filme
NoMínimo / 03/03/2010

Em primeiríssima mão, divido com os leitores do Todoprosa o teaser internético do meu livro “Sobrescritos ” (Arquipélago Editorial), nas livrarias semana que vem. A obra é de Leon Vilhena, jovem e talentoso profissional da animação carioca, que tem a Globosat entre seus clientes. O áudio vem a ser uma leitura minha, em versão ligeiramente editada, do conto que encerra o livro, chamado “Virtual”. Quem gostar e quiser espalhar não precisa pedir autorização. Lembrando: o lançamento carioca de “Sobrescritos” será na Travessa de Ipanema, na próxima quarta-feira. O gaúcho, na Palavraria, dia 22 de março. Deve rolar um sarau paulistano também, mas sobre este dou notícias mais à frente.

Tezza: ‘Nossa literatura não existe fora do Brasil’

Cristovão Tezza fará amanhã – o que, com o fuso horário, significa daqui a algumas horas – uma palestra na Austrália, como convidado do Festival de Artes de Adelaide, onde foi parar a bordo do sucesso de seu romance “O filho eterno”. Por email, entre uma Foster’s e outra, o escritor catarinense achou tempo para uma conversa sobre suas experiências nesta fronteira que, de tão pouco explorada, é quase selvagem: a da verdadeira projeção internacional de um livro brasileiro de “ficção literária”. Resumo de sua impressão geral: “A literatura brasileira não existe fora do Brasil. Ponto. Ninguém conhece absolutamente nada daqui, à exceção de meia dúzia de professores universitários”. 1. A que países “O filho eterno” já o levou e onde você sentiu maior receptividade? – “O filho eterno” já me levou a Portugal, França, Espanha (Barcelona; a tradução foi em catalão!) e, agora, Austrália. O livro saiu também na Holanda e na Itália. Ainda não tenho uma idéia completa da recepção, mas o livro está indo muito bem na França, onde teve boa recepção crítica e ganhou o prêmio anual da Associação Francesa de Psiquiatria, que contempla obras literárias com temas que se relacionam com a área; e na…

Adeus a Mindlin, apoio a Denise
NoMínimo / 01/03/2010

A melhor forma de homenagear o bibliófilo José Mindlin, que morreu ontem aos 95 anos, é com livros. Como os desta lista “de e sobre Mindlin” que o site O Livreiro publica. Certamente não é com a disputa açodada pela vaga que ele deixa na Academia Brasileira de Letras – iniciada ontem mesmo, segundo o colunista Ancelmo Gois, e tendo Fernando Henrique Cardoso e Ziraldo em posições de aparente favoritismo. * Está rolando, por iniciativa de quatro tradutores de primeira linha, um abaixo-assinado de apoio a Denise Bottmann naquela briga contra a editora Landmark, que tanto repercutiu aqui na semana passada. Eu já assinei. E para misturar os dois assuntos, bibliofilia e tradução, vale resgatar, com o gancho do aguardadíssimo filme de Tim Burton, este artigo de Gabriel Perissé sobre os brasileiros que se lançaram à difícil tarefa de traduzir os dois livros de “Alice”, de Lewis Carroll – entre eles, numa “adaptação” de 1931, Monteiro Lobato.