Um post no blog de livros do “Guardian”, a propósito da recém-lançada edição temática da revista “Granta” sobre sexo, sustenta – meio a sério, meio brincando – que a masturbação é a última fronteira. Em outras palavras: que hoje, quando os leitores já não se chocam com quase nada, as imaginosas artes do amor-próprio sobrevivem como o último tabu literário. Segundo o autor do post, Chris Cox, muito pouca boa literatura foi feita sobre o assunto. (Cecilio Giovenazzi ficou indignado, mas deixa pra lá.) Claro que Cox cita o óbvio “Complexo de Portnoy”, de Philip Roth, como uma das exceções que confirmam sua suposta regra. Pensei em escrever para acrescentar um conto de Martin Amis, “Let me count the times”, mas imaginei que, diante do número incontável de exceções nomeáveis, isso seria perda de tempo. Por sorte, nem todo mundo pensou assim. Foi na caixa de comentários – um dos pontos altos do blog do “Guardian”, que, além de pré-cadastrar os comentaristas, faz uma boa triagem – que eu encontrei o tesouro do dia: um conto de Chuck Palahniuk chamado “Guts”, publicado na revista “Playboy” em 2004 e disponível na íntegra, em inglês, aqui. Uma pequena e crudelíssima obra-prima de…