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‘Solar’ prova que humor é coisa séria
Resenha / 28/04/2010

A indicação de “Solar”, o novo livro de Ian McEwan, para o prêmio britânico Wodehouse (homenagem ao escritor P.G. Wodehouse), dedicado exclusivamente à ficção cômica, é uma rara ponte sobre o abismo que parece estar se alargando no mundo inteiro – e certamente no Brasil – entre a “literatura séria” e o humor. “Solar” não é um livro de piadas e seu autor, definitivamente, não está para brincadeiras. Mas será engraçado mesmo o romance em que McEwan satiriza a luta de um físico famoso para salvar o planeta do aquecimento global? Pode apostar que sim. Lançado há cerca de um mês e ainda não traduzido no Brasil (leia a resenha que escrevi para o iG aqui), “Solar” não me provocou uma única gargalhada. Não se trata desse tipo de comédia. Em lugar disso, o que temos é uma longa sucessão de trechos angustiantes e risinhos mais ou menos nervosos, desses que não iluminam a sala nem lavam a alma, mas acendem clarões na cabeça. O anti-herói Michael Beard, prêmio Nobel de Física, corre – isto é, até o ponto em que sua carcaça baixinha e roliça lhe permite correr – para livrar o mundo de uma catástrofe, ao mesmo tempo…