Mais um sensacional capítulo da série “Como a tecnologia vai transformar nossos cérebros em esponja de lavar louça”: uma reportagem do “Wall Street Journal” (em inglês, acesso gratuito) cita pesquisas científicas que apontam o papel fundamental desempenhado pela velha escrita à mão no desenvolvimento do cérebro. “A prática ajuda no aprendizado de letras e formas, pode aprimorar a composição e a expressão de ideias e até auxiliar no ajuste fino de habilidades motoras”, diz o texto, acrescentando que escrever à mão também pode ser um bom exercício para manter o cérebro ativo na velhice. O texto não chega a entrar nessa área, mas não pude deixar de imaginar desdobramentos literários interessantes. Será que os poetas, que na maior parte dos casos tendem a usar lápis ou caneta, se saem melhor no quesito “composição e expressão de ideias” do que os prosadores, já rendidos majoritariamente ao teclado? De uma forma ou de outra, a mensagem é clara: apocalipse à vista, certo? Não é bem assim. Ocorre que a própria tecnologia pode nos salvar, oba! Como já disse David Foster Wallace em um de seus brilhantes ensaios sobre a cultura americana, a tecnologia que cria o problema é a mesma que acaba…